Caixa anuncia crédito imobiliário com juros de 2,95% a 4,95% mais inflação

A Caixa anunciou uma nova linha de crédito para a casa própria, com juros entre 2,95% e 4,95% ao ano, mais a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Esse novo modelo estará disponível a partir de segunda-feira (26) somente para novos contratos. Poderá ser usado para financiar até 80% do valor de imóveis novos e usados, com prazo de até 360 meses. O valor da prestação será corrigido mensalmente.

“O crédito imobiliário tem uma participação pequena, de 10%, no Brasil. Se olhar bancos na Europa e Estados Unidos, essa participação é superior a 50%. Temos crédito baseado na TR (Taxa Referencial). O que anunciamos hoje é uma segunda linha”, disse Pedro Guimarães, presidente da Caixa.,

O anúncio foi feito nesta terça-feira (20), em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Na semana passada, em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro havia dito que a Caixa anunciaria uma mudança “histórica”.

Em maio, Guimarães já havia sinalizado a intenção de adotar o IPCA para novos contratos imobiliários. Para completar, na sexta-feira (16), o governo autorizou o uso do índice de inflação para reajustar as prestações do financiamento da casa própria.

Hoje contratos são corrigidos pela TR

Atualmente, os contratos são corrigidos pela TR (Taxa Referencial). A Caixa cobra juros entre 8,5% e 9,75% ao ano mais TR nas suas principais linhas de crédito imobiliário, para compra de imóveis novos ou usados. Essas taxas não são válidas para o Minha Casa, Minha Vida, que cobra juros mais baixos.

Como a TR é igual a zero desde 2017 devido à queda da taxa Selic, na prática os juros do financiamento imobiliário ficam limitados à taxa prefixada pela Caixa.

Cliente poderá escolher entre os dois modelos

O cliente poderá escolher entre o modelo atual, que cobra juros entre 8,5% e 9,75% ao ano mais TR, e o novo modelo, com juros entre 2,95% e 4,95% ao ano mais IPCA.

O presidente da Caixa apresentou uma simulação:

  • Imóvel de R$ 300 mil, com financiamento de 80% do valor (R$ 240 mil) por 30 anos:
  • Modelo atual, corrigido pela TR: prestação de R$ 3.168
  • Modelo novo, corrigido pelo IPCA: prestação de R$ 1.566 a R$ 2.050, dependendo do perfil do cliente e do relacionamento com o banco.

Outros bancos estudam uso do IPCA

Procurados pelo UOL, os bancos Itaú, Santander e Banco do Brasil informaram que ainda estão estudando a possibilidade de uso do IPCA como índice de correção dos contratos. Por enquanto, não há nada definido nesse sentido.

O Bradesco disse que “deve operar com esta nova linha atrelada ao IPCA e está avaliando as condições”.

O Banco do Brasil aproveitou a ocasião para anunciar uma redução nas taxas praticadas nos contratos com correção pela TR. A taxa mínima passou a ser de 7,99% mais TR para contratos com prazo de até 5 anos.

Como isso afeta o consumidor?

Especialistas ouvidos pelo UOL alertaram que o financiamento imobiliário indexado pelo IPCA deve ficar mais arriscado para quem deseja comprar a casa própria, já que o índice de inflação pode oscilar muito em longos períodos de tempo.

“O ponto que merece atenção é o fato de que empréstimos imobiliários são muito longos. Estamos falando de 20, 30 anos”, disse Rafael Sasso, cofundador da Melhortaxa, plataforma digital especializada em crédito imobiliário.

“A TR se mantém mais baixa ao longo do tempo, enquanto o IPCA segue a tendência da economia. Uma hora sobe bastante, outra hora cai um pouco. Ou seja, é bem mais volátil [instável]”, disse Marcelo Prata, especialista em crédito imobiliário e fundador do aplicativo Resale e do site Canal do Crédito.

O gráfico abaixo mostra a diferença de comportamento, mês a mês, entre a TR e o IPCA desde 2004. As variações são percentuais.

Mas a inflação não está controlada?

Embora a inflação no Brasil tenha ficado abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central nos últimos três anos, nem sempre o índice se comportou como o esperado.

Em 2015, por exemplo, o IPCA superou os 10% no ano. Eventuais mudanças de preço nos alimentos, nos combustíveis ou na energia elétrica, por exemplo, podem provocar a disparada da inflação, fazendo aumentar o custo do financiamento imobiliário.

Que benefícios essa mudança pode trazer?

Os especialistas em crédito habitacional acreditam que o uso do IPCA como indexador dos contratos imobiliários pode estimular a concorrência entre grandes bancos, fintechs e outras empresas de crédito. O próprio Banco Central declarou que o objetivo do uso do IPCA é estimular a concorrência.

“Para esse mercado ter fôlego e continuar crescendo, é importante mudar o índice de correção dos contratos. Vai ficar mais caro, mas vai garantir que haja mais oferta de crédito na praça, para não depender só dos grandes bancos”, disse Prata.

Ele disse que, hoje, os grandes bancos concentram o dinheiro da poupança, que é a principal fonte de recursos do crédito imobiliário. “Se a gente começar a ter financiamentos atrelados ao IPCA, o consumidor poderá buscar crédito em fintechs e outros participantes do mercado, fora dos grandes bancos.”

Fonte:
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/08/20/caixa-anuncia-financiamento-da-casa-propria-corrigido-pela-inflacao.htm

Queda de juros é chance para negociar crédito imobiliário

Queda de juros é chance para negociar crédito imobiliário

Poucas pessoas sabem, mas é possível trocar o financiamento imobiliário de um banco para outro, pedindo a portabilidade. E com a queda na taxa de juros (Selic) de 14,25% para 6% ao ano, o menor patamar histórico, é um bom momento para reavaliar o financiamento e comparar as taxas no mercado. Segundo o Banco Central (BC), em 2018, foram feitos 5.535 pedidos de portabilidade de crédito imobiliário — aumento de 453,8% em relação a 2017. No primeiro semestre deste ano, já foram 3.466 migrações.

Apesar do crescimento, o número ainda é pequeno perto de outras modalidades de crédito. Para os especialistas, a principal causa disso é a desinformação sobre essa possibilidade. Outra razão é que não havia antes um ambiente econômico favorável como o de agora, com a melhoria da regulação e a maior competição desse crédito.

— A transação só faz sentido quando a economia está melhorando, e os juros estão em queda, como agora, porque é preciso haver interesse do cliente em mudar e do banco em aceitar o novo crédito — afirma Miguel José de Oliveira, executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Nessa modalidade, o cliente precisa avaliar com o novo banco quais seriam as condições de financiamento sem mudar o saldo devedor nem o prazo. É preciso ter o imóvel já pronto e estar adimplente. Chegando-se a um acordo, o novo banco comunica ao anterior que recebeu o crédito. O banco original pode oferecer uma contraproposta ou passar todas as informações para a nova instituição financeira. E, cada vez mais, os bancos estão interessados em negociar.

— Os pedidos quase dobraram neste ano. Há uma tendência. Temos interesse em receber os clientes porque esse crédito possibilita um relacionamento de longo prazo. O mercado está entrando em uma dinâmica nova, de mais concorrência — afirma Paulo Duailibi, superintendente executivo de Negócios Imobiliários do Santander.

Para Alberto Ajzental, professor de economia e negócios imobiliários da FGV PEC, esse é o momento de negociar, e qualquer redução representa uma economia significativa:

— Para os bancos é negócio receber novos clientes, mas eles não incentivam, porque podem perder. É preciso ser proativo.

O que avaliar na hora de tomar a decisão

É preciso avaliar a possível economia obtida com a redução de juros e os custos envolvidos. Para comparar os juros, o consumidor precisa olhar o Custo Efetivo Total (CET), que mostra o custo total do financiamento, e não apenas os juros nominais. Será cobrada novamente uma taxa de avaliação do imóvel, que em geral é de R$ 3.100, e uma taxa de cartório para a averbação fiduciária. Os custos são baixos perto da economia com um financiamento de longo prazo. Quanto maior o percentual de redução de juros e o tempo restante de financiamento, maior é a economia.

Antes de trocar de banco, o mais indicado a fazer, segundo os especialistas, é pedir uma cotação no mercado e tentar uma contraproposta.

— Para avaliar qual será de fato o Custo Efetivo Total, é importante pedir uma avaliação com os bancos do mercado. Mas, antes de fechar com o mais competitivo, negocie com seu banco com essa avaliação de mercado. Este não vai querer perder um bom cliente. E, sem a mudança, não se pagam os custos extras — afirma Tiago Sayão, professor de Economia do Ibmec/RJ .

Para os bancos, reduzir um pouco os juros e manter um bom cliente é bastante vantajoso. Segundo cálculos de Daniel Linger, da RB Investimentos, enquanto a taxa básica de juros caiu, o spread do crédito imobiliário (ganho dos bancos com o crédito) aumentou, já que o custo do crédito, com o menor rendimento da poupança, caiu mais do que as taxas cobradas.

— Espera-se que os juros caiam ainda mais, e os bancos estão concorrendo. A portabilidade faz todo sentido neste momento — diz Linger.

 

Condições dos bancos

Banco do Brasil

Condições podem ser simuladas no site, no app BB ou no autoatendimento. É preciso aprovação de crédito e de risco pela seguradora e abertura de conta-corrente.

Bradesco

Aceita clientes por portabilidade, e os contratos são analisados caso a caso.

Caixa Econômica Federal

Aceita clientes por portabilidade, que devem cotar as condições em agências.

Itaú Unibanco

Opera em fase de testes para oferecer o serviço a todos os clientes nos próximos meses.

Santander

Aceita clientes por portabilidade, que devem cotar as condições em agências.

 

Fonte: 
https://extra.globo.com/noticias/economia/castelar/queda-de-juros-chance-para-negociar-credito-imobiliario-23883915.html